19/01/2017

ASSEMBLEIA DA APIWTXA PLANEJA UM 2017 DE INTENSO TRABALHO EM BENEFÍCIO DA FLORESTA E DE SEUS POVOS E COMUNIDADES

De 17 a 22 de dezembro último, a Comunidade Ashaninka do Amônia reuniu-se na aldeia Apiwtxa para a realização das assembleias anuais da Associação Apiwtxa e da Cooperativa Ayõpare.
O evento reuniu os membros da Comunidade para reflexões que abrangeram desde um balanço geral e avaliação das atividades realizadas em 2016, até um planejamento das ações projetadas para o ano que se inicia.

De modo geral, os Ashaninka da Apiwtxa manifestaram-se satisfeitos em relação ao que vem sendo realizado pela Comunidade em benefício de seu fortalecimento político e institucional, em prol da consolidação de sua autonomia, e no campo da gestão territorial.

Dentre os avanços destacados pela retrospectiva das ações em curso, foram destacados resultados obtidos por meio de ações de vigilância, intercâmbios com outros povos indígenas, incrementos relativos ao Plano de Gestão Territorial e Ambiental, atividades de manejo, registro e veiculação da cultura Ashaninka, atividades de formação, estreitamento da aliança com os Ashaninka do Peru, com as comunidades da Reserva Extrativista do Alto Juruá, e com outras comunidades indígenas vizinhas. Muitas dessas atividades foram realizadas com apoio de parceiros, como o BNDES, a Fundação Banco do Brasil, etc.
Em 2017 a Apiwtxa seguirá trabalhando firme para consolidar os resultados já alcançados, bem como para conquistar novos avanços. Alguns dos desafios que estão colocados para a agenda do próximo ano referem-se, por exemplo, à saúde, ao acesso à água, à gestão de resíduos, a incrementos necessários para o desenvolvimento de atividades produtivas (manejo florestal, de fauna e pesca e de sistemas agroflorestais) e à potencialização dos resultados por meio das alianças estratégicas com comunidades vizinhas. Outro ponto de fundamental atenção para a Comunidade será o conjunto de investimentos a serem destinados à melhoria do funcionamento da Cooperativa Ayõpare, que segue em crescente processo de qualificação e aprimoramento de resultados.
O primeiro semestre desse ano que se inicia promete ser bastante intenso para os membros da Apiwtxa. A agenda de 2017 já possui inúmeras atividades programadas, demandando a continuidade da disciplina e organização que os Ashaninka da Apiwtxa adotam como método para desenvolver sua missão, finalidades e objetivos.

A ideia é intensificar os trabalhos, as parcerias e alianças, e fortalecer as redes que atuam no sentido da conservação e recuperação da floresta, com a valorização de seus povos, a proteção dos territórios e a autonomia das comunidades que vivem na região.
Fotos de Carolina Comandulli

12/01/2017

OPERAÇÃO INTERINSTITUCIONAL CONFIRMA A NECESSIDADE DE MAIOR PRESENÇA DO ESTADO BRASILEIRO NA FISCALIZAÇÃO DO AMÔNIA

Equipes do Exército Brasileiro e da Fundação Nacional do Índio – FUNAI realizaram de uma operação de controle e fiscalização na região do Amônia. A operação ocorreu entre os dias 5 e 11 de dezembro, e teve como alvo as Terras Indígenas Apolima Arara e Kampa do Rio Amônia. Sua efetivação respondeu a denúncias feitas pela Apiwtxa, bem como por outras comunidades indígenas, a respeito da entrada de invasores, caçadores e madeireiros, e outros ilícitos praticados na região.

A ação contou com dois servidores do órgão indigenista e 11 militares do Exército. Seu foco foi o combate à caça, pesca, e desmatamento ilegais nesses territórios, vistoriando, ainda, embarcações a fim de averiguar o possível transporte de materiais ilícitos oriundos de territórios peruanos e brasileiros.

Durante a operação, dois homens foram flagrados transportando animais silvestres (jabutis) e um carregamento de cerca de 20 quilos de pescado, espécies de peixes conhecidos localmente como "mocinha". Os indivíduos foram conduzidos até a zona urbana de Marechal Thaumaturgo e apresentados à Delegacia de Polícia Civil, onde foi lavrado Boletim de Ocorrência. Os jabutis foram devolvidos à floresta.

Muito embora não tenha havido apreensões significativas, o balanço da operação permite reafirmar a notável ausência dos órgãos de segurança pública naquela região, sendo imprescindível a intensificação das ações de fiscalização e controle por ali.

Foto de Carolina Comandulli


10/01/2017

APIWTXA E ACONADIYSH ASSINAM TERMO DE COOPERAÇÃO PARA FORTALECIMENTO DAS COMUNIDADES NATIVAS E TERRITÓRIOS INDÍGENAS

Nos dias 10 e 11 de dezembro, representantes da Apiwtxa e a associação peruana, Aconadiysh, reuniram-se na Comunidade Nativa Santa Rosa no Rio Breu, no Distrito de Yurua – Peru, num encontro relevante para consolidar a parceria entre povos indígenas dos dois países.
 
O encontro de dois dias teve como objetivo a pactuação de um acordo de cooperação entre as duas entidades, para fortalecimento de organizações comunitárias e de gestão dos territórios indígenas, bem como discutir e orientar um plano de trabalho para dar início à implementação do acordo.
A cerimônia foi aberta pelas manifestações do Presidente da Aconadiysh, Orlando Pérez e Guerra, e pelo representante da Apiwtxa, Francisco Pyiãko, seguidas da apresentação dos participantes.

Ainda no primeiro dia do evento, a Apiwtxa realizou uma apresentação institucional, por meio da qual seu representante falou sobre os processos de luta e reconhecimento de seu território, fortalecimento comunitário, gestão territorial, e organização de atividades produtivas. Essa atividade foi bastante apreciada pelos presentes, já que muitas comunidades tinham notícias acerca do êxito de experiências da Apiwtxa nesses campos de atuação.

O encontro foi marcado por forte presença da base da Aconadiysh, que contou a participação de 22 das 24 comunidades representadas pela Associação.

Um dos temas de destaque girou em torno do debate de ações para potencializar e fortalecer a comercialização da produção das comunidades no Peru, considerando, sobretudo, as difíceis condições logísticas da região, caracterizada por ser próxima à fronteira com o Brasil, e a necessidade de investimentos para consolidar as relações entre as comunidades, e destas com entidades que contribuam para sua inserção no mercado. O primeiro passo nesse sentido é organizar a gestão territorial dessa grande região.
A assinatura do Termo de Cooperação, que terá vigência de um ano, foi validada por todos os presentes, e efetivou-se ao final da reunião, momento em que ficaram também estabelecidas a agenda como atividades para o ano de 2017.

As comunidades nativas do Peru participantes sentiram-se contempladas com a participação da Apiwtxa, por ter contribuído para a concretização dessa importante oportunidade de intercâmbio de experiências. Todos os presentes afirmaram satisfação pela realização desse encontro, considerado por todos um sucesso.

Por fim, um dos encaminhamentos foi o agendamento de dois próximos encontros, o primeiro ocorrerá em março de 2017, na comunidade Dulce Glória, para tratar de gestão territorial e o outro no mês de novembro de 2017, na aldeia Apiwtxa, para discussão sobre modelo de organização comunitária.

Fotos de Carolina Comandulli

06/01/2017

PROJETO ALTO JURUÁ É O MELHOR AVALIADO DENTRE OS APOIADOS PELO FUNDO AMAZÔNIA

Nos dias 3 e 4 de dezembro a Comunidade Ashaninka do Rio Amônia recebeu a visita de profissionais responsáveis pela avaliação do Alto Juruá, projeto financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, com recursos do Fundo Amazônia.

Christine Verheijden, representando o grupo de doadores da Noruega que investem no Fundo Amazônia, e o Gerente de Gestão do Fundo Amazonia, Guillherme Accioly, passaram dois dias realizando reuniões e atividades de campo no Centro Yorenka e na Aldeia Apiwtxa, a fim de conhecer de perto e em prática, bem como avaliar a implementação, o funcionamento e os resultados já alcançados pelo Projeto Alto Juruá.
Dentre os temas centrais investigados pela equipe de investidores da Noruega em suas avaliações, encontra-se a verificação dos resultados dos projetos financiados pelo Fundo no que se refere ao empoderamento das comunidades beneficiadas. Sobre o tema, a consultora norueguesa declarou ser difícil mensurar uma ênfase desse fator no caso do projeto em tela, uma vez que os Ashaninka da Apiwtxa já constituíam uma organização muito fortalecida e empoderada, antes mesmo da chegada dos recursos do projeto.

Guilherme Accioly, por sua vez, ressaltou que, dentre os 86 projetos financiados pelo Fundo Amazônia atualmente, o Projeto Alto Juruá, é o que vem merecendo a melhor avaliação do BNDES. O ranking das organizações beneficiárias leva em consideração, dentre outros aspectos, o alinhamento dos projetos com as políticas públicas aplicáveis e as diretrizes e critérios do Fundo Amazônia, sua contribuição direta ou indireta para a redução do desmatamento e da degradação florestal, a coerência das ações previstas nos projetos com o objetivo proposto, o orçamento e o cronograma de sua implantação, além de fatores como capacidade gerencial para a sua execução. 

O Projeto Alto Juruá, de autoria dos Ashaninka da Apiwtxa, é o primeiro e único do Fundo Amazônia aprovado diretamente em favor de uma associação indígena no Brasil, iniciado em abril de 2015 pelo BNDES. Com duração de três anos, atua no assessoramento, capacitação e implantação de sistemas agroflorestais; apoio à gestão territorial e ambiental às comunidades indígenas e tradicionais do Alto Juruá; e desenvolvimento institucional das organizações comunitárias.

04/01/2017

SEMANA DE INTENSA MOVIMENTAÇÃO NA APIWTXA

Dentre os dias 01 e 07 de dezembro, a Comunidade Ashaninka da Apiwtxa recebeu um conjunto de importantes visitas para a realização de distintas atividades relacionadas ao registro de sua cultura.   

Manual do Século 21 e Nokum Txai – Nossos Txai:

Durante um final de semana os Ashaninka da Apiwtxa estiveram acompanhados pela equipe de produção do seriado Manual de Sobrevivência para o Século 21, em razão da gravação de um episódio da série que irá retratar aspectos de seu modo de vida. A equipe contou com a presença do ator e apresentador Marcos Palmeira.
O programa busca apresentar alternativas para fomentar a formação e fortalecimento de comunidades resilientes e (auto)sustentáveis, por meio da demonstração de técnicas básicas para sobrevivência, do funcionamento de sistemas de troca, do desenvolvimento e uso de tecnologias de código aberto, de métodos de construções com materiais locais, e outras técnicas de bem viver baseadas em novas visões de mundo.

A visita à Apiwtxa ofereceu à equipe uma oportunidade de participar de algumas atividades de rotina da comunidade, e experienciar rituais do Povo Ashaninka. Foi uma concreta troca de experiências sobre alternativas para recuperação de áreas degradadas e implementação de modelos sustentáveis de organização comunitária. As lideranças da Apiwtxa avaliam de maneira positiva os propósitos e resultados da série, que é um veículo para trocar conhecimentos e dar visibilidade aos modos de vida de povos diversos. 
O episódio irá ao ar em 2017 no canal Cine Brasil na Sky, e teve apoio cultural do governo do Estado do Acre.

Ainda no campo da produção audiovisual, outra visita importante marcou a semana. Produzida no Acre, a série "Nokun Txai - Nossos Txais", trata da colonização e descolonização da cultura indígena da região do Alto Juruá, também realizou filmagens na Apiwtxa. 
O episódio "A Morada de Hãkwo" foi dirigido pelo cineasta Ashaninka Wewito Piyãko e pelo antropólogo e indigenista idealizador do Projeto Vídeo nas Aldeias, Vincent Carelli. A série, com direção geral do cineasta acreano Sérgio de Carvalho, contará com 13 episódios de 26 minutos cada.
O lançamento da série está previsto para 2017. Não perca!
Fotos de Carolina Comandulli e Talita Oliveira

26/12/2016

POVOS INDÍGENAS ASHANINKA E PAITER SURUÍ COMPARTILHAM SABERES EM INTERCÂMBIO

Um grupo de cinco membros representou a Comunidade Ashaninka da Apiwtxa na visita à Terra Indígena Sete de Setembro do Povo Paiter Suruí, em Rondônia. A visita, ocorrida no último mês de novembro, teve duração de três dias, e integrou uma agenda de intercâmbio que vem sendo realizada entre os dois Povos, com apoio da Forest Trends.

Os representantes Ashaninka foram recebidos por lideranças e membros do Povo Suruí na Aldeia Linha Nove no início da tarde da quarta-feira (23). Ali, após o almoço, os visitantes Erishi, Giovani, Enisson, Antxoki, e Otxe, fizeram uma explanação sobre a identidade, a cultura, o modo e o plano de vida de seu Povo Ashaninka. A apresentação foi acompanhada da distribuição de materiais informativos que a Comunidade Apiwtxa vem produzindo para compartilhamento de suas experiências de gestão territorial.

Na quinta-feira (24), houve uma visita guiada por membros da Comunidade Suruí de Sete de Setembro ao centro de plantas medicinais da Terra Indígena. A Farmácia Viva, como é chamado pelos moradores de Sete de Setembro, é sediada na Aldeia Linha Nove. A demonstração e as explicações foram conduzidas por moradores da Comunidade.
De volta à cidade, o grupo participou do lançamento do livro 'Histórias do começo e do fim do mundo – o contato do povo Paiter Suruí', concebido com o objetivo de manter viva a cultura e história desse Povo. O evento ocorreu às 19h30 no auditório da Câmara Municipal de Cacoal (RO), município localizado a 480 quilômetros de Porto Velho.

O último dia de intercâmbio, sexta-feira (25), aconteceu na Aldeia Lapetânia – Linha 11. Ali, os Suruí apresentaram o viveiro de mudas em que a Comunidade vem trabalhando no âmbito do Projeto Pamini, que conta com apoio da Forest Trends. A ação é parte de um plano de reflorestamento do território, por meio do consórcio de espécies, na implementação de sistemas agroflorestais.

Durante a tarde, todos os presentes formaram uma grande roda de conversa para trocas interculturais de experiências sobre diversos temas, como planos de gestão e de vida, formas de organização comunitária, gestão territorial, e alternativas de manejo de recursos naturais.

A última noite da visita Ashaninka foi marcada por festejos interculturais, com trocas de presentes que incluíram belíssimas peças de artesanato produzidas por ambos os Povos.
A Terra Indígena Sete de Setembro onde vive o Povo autodenominado Paiter, é localizada ao norte do município de Cacoal, em Rondônia. Foi demarcada em 1976, sendo declarada e homologada apenas no ano de 1983.

Em março deste ano um grupo de integrantes do Povo Paiter e Yawanawá passaram 3 dias com os Ashaninka da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, concretizando a primeira etapa do intercâmbio realizado entre os dois Povos.

Essa ação tem sido compreendida como uma excelente oportunidade de troca de saberes, e como selo de uma aliança intercultural importante para o fortalecimento da luta pela promoção e proteção dos povos indígenas e seus direitos e pela conservação ambiental, bem como para o sucesso dos projetos comunitários que vêm sendo desenvolvidos pelas sociedades Ashaninka e Paiter Suruí.

15/12/2016

ASSEMBLEIA DA OPIRJ DISCUTE AÇÕES INDÍGENAS E INDIGENISTAS PARA O ALTO JURUÁ

De 28 a 30 de novembro mais de 60 indígenas reuniram-se na Terra Indígena Puyanawa em Mâncio Lima, no Acre, para a realização da 7º Assembleia da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá – OPIRJ. O encontro foi financiado pela Fundação Nacional do Índio – Funai/CR Alto Juruá e marcado por importantes reflexões e debates.  

Dentre os assuntos da pauta, estavam o papel da OPIRJ na representatividade dos Povos da região, reflexões sobre a atuação e estratégias de fortalecimento do movimento indígena, e avaliações sobre a política indigenista, moderado pelo Coordenador da OPIRJ, Francisco Piyãko.


No campo das políticas públicas foi possível realizar análises conjunturais sobre educação e saúde indígena, e sobre a ação da Funai no Alto Juruá. O Coordenador do Distrito Sanitário Indígena (DSEI), Edir Clemente, o Coordenador Regional da Funai, Luiz Nukini, e a Assessoria dos Povos Indígenas do Acre, representado pelo Sr. José Ramos, apresentaram balaços da atuação dos órgãos, contribuindo para as análises e discussões.

Ocorreu também um debate em torno da consulta aos Povos da região, que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN pretende realizar sobre o registro dos rituais de Ayahuasca Lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Duas representantes do órgão estiveram presentes para iniciar as conversas sobre o tema, buscando reunir subsídios para a construção do processo de consulta livre, prévia e informada, cuja realização é legalmente exigida no Brasil como condição para a adoção de qualquer medida que tenha relação, impacto, ou potencial para afetar povos indígenas. Os indígenas presentes afirmaram ter muitas dúvidas sobre o assunto, e deixaram marcada sua posição quanto à complexidade de realização de uma consulta a respeito, afirmando que seus direitos devem ser integralmente cumpridos.           

Outro destaque foi o planejamento de um projeto com objetivo de promover o fortalecimento institucional da OPIRJ e sociocultural dos Povos do Alto Juruá, a articulação entre as comunidades indígenas, e a implementação de ações voltadas à gestão territorial e ambiental de seus territórios, para isso foram definidos cinco eixos para o projeto.
O principal diferencial do projeto idealizado é o protagonismo das próprias lideranças indígenas da região nos processos referentes a sua construção e implementação. Ficou estabelecida uma agenda de trabalhos futuros, com intuito de dar prosseguimento à construção do projeto.

Na Assembleia, estiveram presentes representantes dos dez Povos Indígenas que integram a Organização, e a participação de todos foi muito ativa e relevante, principalmente no âmbito das oportunidades de apoio no fortalecimento dos povos da região.

As lideranças presentes fizeram uma positiva avaliação do encontro, que representou uma excelente oportunidade de reunir os Povos Indígenas para refletir e pensar soluções para os principais desafios que atualmente estão colocados para o bem viver das comunidades da região do Alto Juruá.
Fotos de Carolina Comandulli

14/12/2016

ASHANINKA DA APIWTXA BARRA ACESSO DE MADEIREIROS PERUANOS NO RIO AMÔNIA

Tendo tomado conhecimento de que uma empresa peruana rumava para territórios indígenas Ashaninka no Peru visando iniciar atividades de manejo florestal, lideranças da Apiwtxa, no âmbito de sua ação de monitoramento territorial, interditaram a passagem da referida equipe no interior da Terra Indígena, no curso do Rio Amônia. Na ocasião, a equipe foi chamada a prestar esclarecimentos aos membros da Apiwtxa a respeito das atividades que buscavam realizar nas comunidades peruanas. O fato ocorreu na Aldeia Apiwtxa no último dia 15 de novembro, quando três funcionários da empresa subiam o Rio Amônia em direção às Comunidades Nativas Shawaya e Sawawo, ambas situadas no Peru.

Os três viajantes se identificaram como representantes da empresa Forestal Ucayali, relatando que o objetivo da viagem era promover um ciclo de conversas com as comunidades sobre projetos que, atrelados à construção de uma estrada e apoiados pelo Governo peruano, levariam desenvolvimento econômico, social, e em saúde às populações locais, e que com isso tiraram as comunidades do isolamento. A empresa, segundo seus representantes, teria autorização do governo peruano para realizar a visita. Contudo, nenhum documento foi apresentado nesse sentido.


Na mesma data, diversas lideranças e membros da Apiwtxa estavam reunidos na aldeia em razão de um curso de Gestão, realizado entre 14 e 16 de novembro, do qual participavam também lideranças Ashaninka de Sawawo. A chegada dos representantes da empresa durante essa ocasião, possibilitou tantos aos Ashaninka da Apiwtxa, quanto aos de Sawawo, a reafirmação de suas organizações sociais, e manifestação de sua visão de desenvolvimento, que caminha no sentido da proteção da floresta, da valorização cultural, da conservação ambiental, e do protagonismo indígena na promoção do bem viver das comunidades Ashaninka. Todos negaram interesse na realização de projetos que envolvessem retirada e comercialização de madeira.
Foi também rememorada a mal sucedida experiência vivida pela comunidade Sawawo, que investiu na parceria proposta pela empresa Forestal Venal e afirmaram sua contrariedade com a repetição de empreendimentos dessa natureza. A empresa Venal executou um plano de manejo no território de Sawawo, período no qual a comunidade recebeu altas somas em dinheiro, as quais não se reverteram em benefícios sustentáveis para o bem estar de seus moradores quando da saída da empresa, além de ter causado a degradação da floresta e a desestruturação social, o que impactou as comunidades vizinhas.

A decisão dos Ashaninka, então, foi no sentido de impedir que os viajantes seguissem pelo Rio Amônia. Sendo assim, caso a empresa deseje manter o plano de realizar as conversas, o acesso às comunidades não poderá dar-se por essa via. Além disso, declararam que se há interesse por parte do governo peruano nesse empreendimento, seus representantes devem buscar um diálogo com o governo brasileiro a fim de avaliar o interesse de ambas as partes e realizar as consultas devidas às comunidades afetadas.

13/12/2016

APIWTXA INVESTE NA EXPRESSÃO DE SUA MARCA

No mês de novembro a Comunidade Ashaninka do Amônia recebeu os profissionais Carolina Montenegro e Cilas Nascimento Sousa, que estiveram no Centro Yorenka Ãtame e na Aldeia Apiwtxa a fim de realizar um diagnóstico relativo à elaboração da marca da Apiwtxa.

Os consultores foram contratados com recursos do Fundo Amazônia/BNDES, no âmbito do Projeto Alto Juruá, para construir uma proposta de marca a ser utilizada para expressar a identidade dos produtos e serviços realizados pela Apiwtxa.

A ideia é que essa marca possa comunicar os valores inerentes aos produtos e serviços que a comunidade desenvolve, tais como peças de artesanato, mercadorias derivadas do manejo de sistemas agroflorestais, e outros.

Durante essa visita, que durou cerca de 20 dias, a equipe participou de algumas atividades de rotina e rituais tradicionais da comunidade, além de entrevistar mais de 10 pessoas entre lideranças e colaboradores da Associação. O objetivo foi pesquisar e reunir elementos que permitam apontar e compreender os valores fundamentais para expressar a identidade dos Ashaninka da Apiwtxa.
Segundo Carolina Montenegro, chamou a atenção durante esse trabalho, o alinhamento e a convergência das ideais apresentadas nas falas de todos os entrevistados.

O trabalho de construção da marca contará, ainda, com etapas futuras, tais como uma nova visita para apresentação e discussão dos resultados do diagnóstico, e da elaboração efetiva da proposta de marca, que deverá ser, por fim, validada pela comunidade antes de passar a ser adotada.

12/12/2016

APIWTXA COLHE FRUTOS DE PROJETO DE PISCULTURA

O projeto Fortalecendo Experiências Sócio-produtivas Sustentáveis no Alto Juruá, com financiamento da Fundação Banco do Brasil/Fundo Amazônia, que teve por objetivos fomentar a piscicultura e os sistemas agroflorestais na região, começou a ser desenvolvido pela Associação Apiwtxa em janeiro de 2015. O projeto teve duração de um ano e meio, durante os quais foram construídos açudes e tanques e foi realizada limpeza de lagos para reprodução de peixes. Entre fevereiro e março do presente ano, foram introduzidos 80 mil alevinos nos açudes e a Apiwtxa organizou-se para realizar seu cuidado.  Trata-se de uma atividade nova para os Ashaninka, o que traz desafios e aprendizados no processo.
Nos meses de outubro e novembro foram realizadas as primeiras despescas, tanto na aldeia Apiwtxa, quanto no Centro Yorenka Ãtame e no Assentamento PA Amônia/Comunidade Raio do Sol. Na aldeia, os peixes já foram consumidos em reuniões comunitárias e também comercializados internamente. Alguns dos peixes capturados (dentre eles matrinchãs, tambaquis e piaus) chegam a pesar mais de 2 quilos, indicando a viabilidade dessa alternativa.
O modo que a Apiwtxa encontrou para gerir da melhor forma cada açude na aldeia foi a de responsabilizar determinadas famílias da comunidade pelo cuidado de açudes específicos. Assim, cada família encarregada recebe uma porcentagem dos lucros gerados com a comercialização interna dos peixes na aldeia, dando como contrapartida seu comprometimento com o zelo cotidiano dos peixes. Já os momentos de limpeza dos açudes são realizados em atividades coletivas. A comercialização dos peixes, por sua vez, é feita de modo centralizado, por meio da Cooperativa Ayõpare. Os peixes também servem de fonte de alimento quando da realização de eventos comunitários da Apiwtxa.
Neste momento, a ideia é investir o lucro da despesca na compra de mais alevinos, para dar sustentabilidade à iniciativa. Foi identificado que a demanda pela compra de peixes, tanto na aldeia quanto no Centro Yorenka Ãtame, é superior à capacidade de produção atual dos açudes, de modo que a ampliação desta iniciativa está nos planos da Apiwtxa.  Inclusive, os moradores da Reserva Extrativista do Alto Juruá também estão interessados em trazer para suas comunidades este tipo de alternativa, pois ela fortalece não apenas a segurança alimentar, quanto a geração de renda comunitária.

24/11/2016

APIWTXA REALIZA O 4° MÓDULO DO CURSO DE FORMAÇÃO EM GESTÃO

Entre os dias 14 e 16 de novembro, cerca de trinta membros da comunidade Ashaninka da Apiwtxa participaram do 4° módulo do Curso de Formação Continuada em Gestão.

Com apoio do BNDES/Fundo Amazônia no âmbito do Projeto Alto Juruá, e ministrado por Márcio Calvão da empresa de consultoria Instituto Rever, o curso foi realizado na aldeia, e contou com a participação de dirigentes da Associação Ashaninka do Rio Amônia – Apiwtxa e da Cooperativa Agroextrativista Asheninka do Rio Amônia – Ayõpare.  

Tendo como objetivo a formação da comunidade para a elaboração de projetos, o Curso, além do tratamento de conhecimentos técnicos e teóricos sobre o tema, proporcionou a elaboração de um projeto para aplicação prática dos conteúdos abordados.


Os Ashaninka presentes aproveitaram, então, a oportunidade para discutir uma problemática concreta da Comunidade e elaborar um projeto real que será, de fato, implementado.

Debatendo os impactos da introdução dos recursos decorrentes de benefícios sociais e salários na comunidade, concluíram que os principais desafios a serem enfrentados em relação ao assunto, residem em evitar que os beneficiários tenham que se deslocar até o município de Marechal Thaumaturgo para acessar os respectivos recursos, e implementar mecanismos para que esses valores possam circular na aldeia, contribuindo para fortalecer toda a Apiwtxa.     

O deslocamento dos Ashaninka até a cidade para recebimento dos salários ou recursos da Seguridade Social, vem implicando na diminuição da participação e envolvimento das pessoas nas questões comunitárias, bem como da produção do artesanato, além de permitir sua exposição a doenças, vida noturna, bebidas alcoólicas e outras drogas. Vem sendo constatado, ainda, um aumento do consumo de alimentos industrializados em razão da necessidade de permanência na cidade para a conclusão das providências relativas. Outras questões apontadas pelos presentes foram a constatação de um gasto excessivo de combustível em razão da necessidade de constantes deslocamentos até o município, e a ocorrência de casos de retenção e uso indevido de cartões por comerciantes locais.

Frente ao cenário mapeado, foi levantado um conjunto de oportunidades como consequência de modificações que permitam a chegada desses recursos na aldeia, sem necessidade de deslocamento dos Ashaninka da Apiwtxa até a cidade, e a melhor circulação dos recursos dentro da aldeia. 

Nesse sentido, foi desenvolvido durante o Curso, um projeto de fortalecimento da economia e organização sociocultural da Apiwtxa, com objetivo de criar mecanismos que possibilitem o pagamento dos benefícios sociais e salários na comunidade, e de desenvolver o mercado e a organização sociocultural do Povo Ashaninka da Apiwtxa.

O resultado do Curso foi de grande relevância para a Comunidade Apiwtxa, que seguirá, a partir desse momento, trabalhando no sentido de viabilizar o projeto elaborado.

22/11/2016

APIWTXA DISCUTE SITUAÇÃO DO BOLSA FAMÍLIA EM REUNIÃO NO MPF

No dia 9 de novembro estiveram reunidos no Ministério Público Federal – MPF, em Cruzeiro do Sul, o Presidente da Apiwtxa e equipe, bem como representantes da Secretaria Municipal de Assistência Social de Marechal Thaumaturgo, da Coordenação Estadual do Programa Bolsa Família, da Caixa Econômica Federal e da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, para discutir a situação do Programa Bolsa Família na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia.

A reunião foi realizada em resposta a um ofício da Apiwtxa ao MPF, enviado em fevereiro deste ano, no qual a Associação relata os impactos negativos que o recebimento do Programa Bolsa Família vem causando à comunidade. Um dos principais problemas está relacionado com a necessidade de deslocamento da comunidade ao município para sacar o benefício, o que tem gerado uma movimentação mensal de membros da Apiwtxa à cidade. Esse deslocamento constante traz uma série de consequências negativas para a comunidade, dentre as quais a permanência de famílias na cidade por vários dias na espera do benefício, o consumo de alimentos industrializados e de bebidas alcoólicas. Além disso, a permanência na cidade prejudica o comparecimento nas reuniões e atividades comunitárias, além de comprometer a dedicação das famílias às suas atividades produtivas, como roçados e artesanato.

Outro fator de preocupação da Apiwtxa é em relação às condicionalidades de saúde e educação do Programa, que exigem a matrícula escolar, bem como o cumprimento de ações de saúde, como vacinação e pré-natal para a continuidade do recebimento. Ocorre que as comunidades indígenas possuem o direito à saúde e educação diferenciados assegurados em lei, e as famílias podem optar, por exemplo, em não matricular seus filhos na escola e/ou seguir práticas tradicionais de acompanhamento de saúde. No entanto, a estrutura do Programa Bolsa Família não atende à especificidade indígena.

Na audiência, Moisés Piyãko – Presidente da Apiwtxa, ressaltou que o Programa pode trazer benefícios positivos à comunidade, além de ser um direito. Não obstante, o que estão buscando é aperfeiçoar a forma de recebimento deste recurso, para evitar que tenha consequências negativas para o coletivo: “Estou falando aqui como líder comunitário. Isso mexe com a nossa estrutura. A maioria das pessoas de lá estão despreparadas para lidar com o que acontece na cidade, e a cidade sempre tem gente se aproveitando desse desconhecimento”.

O Procurador Federal falou que a problemática das condicionalidades está sendo tratada em nível federal e ressaltou que a reunião tinha a finalidade de buscar trabalhar com o aspecto do recebimento do recurso e levantar alternativas para que se reduzam os impactos decorrentes deste. O que a Apiwtxa espera viabilizar é que o benefício seja entregue na própria comunidade para evitar os deslocamentos constantes e fortalecer a economia local, por meio da Cooperativa Ayõpare.

Todos os participantes da reunião expressaram seus pontos de vista e dificuldades quanto ao tema. Foram levantadas possibilidades, a serem estudadas, para que a entrega do benefício aconteça na aldeia. O representante da Funai, Jairo Lima, destacou: “O Acre é um celeiro de experiências exitosas. Vamos ver se conseguimos articular uma experiência efetiva de fazer o recurso chegar até lá. Os Ashaninka do Amônia possuem uma rede de parceiros que podem apoiar isso, e se pensarmos de maneira coletiva podemos resolver”. 

Na semana seguinte o tema foi foco de debates na aldeia Apiwtxa, quando os resultados da reunião foram apresentados à comunidade, e foram discutidas possibilidades de superação dos entraves relativos ao recebimento do recurso.

Fotos: Pedro Kuperman

21/11/2016

APIWTXA RECEBE REPRESENTANTES DO POVO GUARANI-MBYÁ PARA INTERCÂMBIO

A Apiwtxa recebeu, entre os dias 10 e 17 de outubro, uma comitiva de representantes do Povo Guarani Mbya da região Sul do país, para um importante encontro intercultural.
Realizado entre 5 representantes Guarani e os Ashaninka da Apiwtxa, como iniciativa do Centro de Trabalho Indigenista – CTI, o intercâmbio contou com recursos de projeto aprovado pelo Newton Fund/British Council, em parceria com o Centro de Antropologia da Sustentabilidade/CAOS, da University College London. O projeto tem como objetivo principal apoiar a construção de planos de gestão e promover a recuperação de áreas degradadas em terras Guarani, bem como avançar nos debates a respeito da gestão de conflitos que envolvem sobreposição de terras indígenas e unidades de conservação.

O intercâmbio foi idealizado para apresentar o exemplo dos planos de gestão e sistemas agroflorestais já implementados pelos Ashaninka do Amônia, e estabelecer um compartilhamento de conhecimentos sobre organização comunitária.
O grupo, constituído por Jaime Valdir da Silva, Marcio Mariano, Ronaldo Costa, Sergio Moreira, e Adriano Morinico, das Terras indígenas Cantagalo (RS), Salto do Jacuí (RS), Piraí (SC), Tarumã (SC), e Morro Alto (SC), passou três dias no Centro de Saberes da Floresta Yorenka Ãtame, constatando os trabalhos e resultados do reflorestamento ali iniciado há mais dez anos. Os indígenas Guarani puderam, ainda, acompanhar parte das atividades de um curso de Agroecologia que estava sendo oferecido pela Apiwtxa por meio de o Projeto Alto Juruá com recursos do Fundo Amazônia/BNDES, tendo realizado práticas como coleta e plantio de mudas e sementes de espécies da Amazônia, construção de canteiros, sementeiras e viveiros, e atividades de poda.

Uma pequena mostra de peças de artesanato Guarani atraiu a atenção do público presente, e encantou um grupo de indígenas do Povo Kaxinawá que acompanhava o curso.
 
Em seguida, rumaram para a Aldeia Apiwtxa na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, onde visitaram os roçados, participaram de conversas com as lideranças da aldeia, e rituais tradicionais do Povo Ashaninka.
O encontro dos Ashaninka com os Guarani foi marcado por falas acolhedoras e emocionadas de ambas as partes. Os Guarani, que hoje sofrem pela falta de acesso à terra e aos recursos naturais, ficaram tocados com a vida na aldeia e com exemplo dos Ashaninka, e elogiaram especialmente sua organização comunitária. Para os Ashaninka, foi uma grande alegria receber os Guarani e ter a possibilidade de compartilhar seus conhecimentos, pois esta é mais uma ação que fortalece a luta indígena no país.

10/11/2016

APIWTXA INCENTIVA PLANO DE VIDA AUTÔNOMA E SUSTENTÁVEL PARA OS ASHANINKA DE SAWAWO

Nos últimos dias do mês de outubro, uma equipe da Apiwtxa, liderada por Francisco, Moisés e Wewito Piyãko, subiu o Rio Amônia em direção à comunidade Ashaninka Sawawo, no Peru. O objetivo da viagem foi o cumprimento de um importante objetivo da Apiwtxa: contribuir para o fortalecimento dos parentes que vivem do lado peruano da fronteira.

O dia seguinte começou com a bonita abertura do evento, onde as lideranças das duas comunidades expressaram alegria e satisfação pela realização do encontro, do qual se espera a geração de efeitos positivos para a região do Amônia. Dentre esses efeitos estão a consolidação da autonomia dos povos indígenas, a otimização da gestão de seus territórios, e a conservação da floresta.


A comunidade do Sawawo vem investindo na reorganização de suas atividades produtivas, buscando alternativas para geração de renda de modo sustentável, e com plena valorização da cultura Ashaninka. Os Ashaninka da Apiwtxa, então, rumaram para lá a fim de compartilhar com os parentes a experiência do etnomapeamento realizado na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, onde vivem.

O etnomapeamento é a construção de uma carta geográfica que aponta os locais importantes da Terra Indígena, o seu uso cultural, a distribuição dos recursos naturais dentro do território, a identificação de impactos ambientais e outras informações relevantes, enfatizando a visão, os interesses, o olhar e a compreensão do Povo que ali vive.

Na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia esse trabalho teve início em 2004 e constituiu um longo processo por meio do qual as comunidades elaboraram nove mapas de diagnóstico de seu território.
Nesta oficina no Sawawo, os moradores, divididos em dois grupos, um de homens, outro de mulheres, realizaram, discutiram, e apresentaram mapas de sua aldeia, onde foram indicados todos os pontos fundamentais para a vida da comunidade.


O objetivo do etnomapeamento é construir uma ferramenta útil para a gestão territorial e ambiental do território de Sawawo, possibilitando diagnosticar os cenários sobre seu uso e conservação, ajudar a estabelecer o plano de vida da comunidade, e constituir um instrumento político importante na defesa de direitos e interesses da comunidade indígena, fortalecendo a organização social, a luta pela implementação de políticas públicas, o auxílio na solução de conflitos, etc.

Tanto o etnomapeamento, quanto o Plano de Gestão do Território, têm como princípio fundamental o protagonismo indígena, pois são feitos pelos e para os indígenas que vivem no território, segundo suas aspirações e visões de futuro, com a colaboração e o apoio de parceiros do Estado e da sociedade civil.

Ao final do encontro, ficou acordada a realização de uma nova etapa desse processo, que, financiada pela Apiwtxa, ocorrerá em janeiro de 2017 em Sawawo no Peru, com ampla participação da comunidade, visando a construção de outros mapas necessários a um diagnóstico aprofundado dos aspectos fundamentais à promoção dos aspectos sociais, econômicos e culturais dos Ashaninka daquele território.

A comunidade Ashaninka do Sawawo é composta por cerca de 45 famílias que vivem em um território de cerca de 35 mil hectares, situados no município do Breu, Departamento de Ucayali – Província de Atalaya, no Peru. Um importante diferencial dessa comunidade, assim como da Apiwtxa, está no forte nível de preservação da língua e dos aspectos rituais do Povo Ashaninka.

09/11/2016

MULHERES DA APIWTXA COZINHAM DOCES COM FRUTAS DA REGIÃO

No dia 30 de outubro, a Apiwtxa recebeu a visita da instrutora Elizelda Pinheiro do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR, que conduziu uma prática de culinária à base de doces para um grupo de mulheres da aldeia. A aula foi voltada à aprendizagem de receitas à base de frutas e outros alimentos da região, e demonstrou como aproveitar todo potencial de cada alimento.
A atividade, de iniciativa da Associação Ashaninka do Rio Amônia - Apiwtxa, foi realizada em parceria com diversas instituições. Além do SENAR, foram parceiros, a Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar – SEAPROF, e o SEBRAE, por meio do Projeto de Desenvolvimento Territorial e Econômico – DET.
O grupo de participantes, composto por mulheres da aldeia ficou reunido durante uma tarde de compartilhamentos e aprendizados, e confeccionou receitas como brigadeiro, compota e geleia de banana, doce de abóbora, geleias de manga, caju, e beterraba, e doce de mamão. Alguns moradores da Apiwtxa que provaram as delícias feitas durante a aula, afirmaram que esperam que as receitas possam ser repetidas em outros momentos para degustação das famílias.